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Casa da Cultura - A Guerra do Iraque e G. Bush |
O nome é o mesmo mas o filme é bem outro. Ainda bem, afinal, no momento em
que o novo "Planeta dos Macacos" mais tenta repetir o original, ou seja, na
busca de um final impactante e inesperado, mais ele decepciona.
Isso não quer dizer que o filme seja ruim, longe disso. A história é legal,
tem bom ritmo, visual fantástico ou seja tudo o que é necessário a uma boa ficção
cientifica, e é claro até um pouco de ciência.
Se no "Planeta dos Macacos" original, em termos gerais, os chimpanzés eram cientistas,
os orangotangos governantes e guardiões da Fé e os gorilas a polícia (ou exército),
no novo tudo é mais misturado. Se de um lado existe o violentíssimo Thade, interpretado
com uma energia animal , o contraponto é a chimpanzé Ari, defensora dos "direitos
humanos" na comunidade dominada pelos macacos. O orangotango de mais destaque
no filme, o senador Sandar, que é um liberal progressista comparado ao conservador
reacionário Zaius do primeiro filme.
Existem gorilas brucutus, como o braço direito de Thade, Attar, mas também há
gorilas zen, como Krull. Estes macacos comandam uma sociedade pré-industrial,
supersticiosa e militarizada, ou seja tudo aquilo que nós gostaríamos de não
sermos.
Já os humanos falam, embora sejam visivelmente, com poucas exceções, mais estúpidos
que os macacos, são desorganizados e não tem vontade ou desconhecem a possibilidade
de se organizarem e se libertarem de seus opressores. Tão supersticiosos quanto
os macacos vêem no astronauta e capitão Leo Davidson um messias ao estilo do
Davi bíblico.
A explicação básica para os macacos serem o que são nessa história, e falarem
inglês, é boa e respeita a inteligência de quem assiste o filme. Já o "grande
final" é confuso, para dizer o mínimo.
Um otimista diria que é preciso entrar no espírito do filme, e que, afinal,
ficção-científica sempre oferece várias leituras possíveis sobre qualquer coisa.
O pessimista vai ver no final "surpreendente" apenas uma desculpa ruim para
uma seqüência.
Apesar de bom, o filme deixa muito a desejar quando justamente não imita o original
no ponto em que este era mais belo, ou seja quando temos a certeza que como
no primeiro filme, a história aqui não se passa na terra, e sendo assim não
temos o ponto crítico da imagem de uma terra devastada pela guerra nuclear,
provavelmente declarada em decorrência de alguma estupidez humana, que nos levaria
novamente a idade da pedra, como afinal já profetizou Albert Einstein quando
disse que "não saberia dizer com que armas seria travada a III Guerra Mundial,
mas que com certeza a IV Guerra Mundial seria travada com paus e pedras".
Para muitos essa crítica, com o fim da guerra fria, já estaria ultrapassada.
Talvez, mas não podemos nós esquecer que George W. Bush acaba de ignorar o Tratado
Antimísseis Balísticos de 1972, com a construção do seu escudo antimísseis de
300 bilhões de dólares, reacendendo assim o conflito nuclear com a Rússia, país
este que já assinou um acordo de defesa com a China, para assim fazerem frente
ao poder dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que este ataca várias nações à revelia,
e vem buscando se consolidar como dono do planeta.
Se no Planeta dos Macacos, temos humanos regredindo a uma condição animalesca,
enquanto os macacos estão evoluindo para aquilo que chamamos de estado Civilizatório,
vale perguntarmos se George W. Bush não está, ele mesmo, sofrendo um processo
de regressão à condição de Homem de Neanderthalensis, ardendo assim em seu peito
uma admiração e desejo de se igualar ao temido general Thade, ou devo dizer
Hitler, Átila, Stálin e outros.
Edgar Indalecio Smaniotto, filósofo, astrônomo amador, mestrando em Ciências Sociais pela Unesp de Marília, membro da REFICEF (Recanto dos Escritores de Ficção Científica) e do CLFC (Clube de Leitores de Ficção Científica).
Contatos: edgarfilosofo@uol.com.br
Página publicada em 08/11/2004
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