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A Guerra do Iraque
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MANIFESTO PELA PAZ NO IRAQUE

(ou Carta de Abu Ghraib)

 


Ana Peluso e Claudio Daniel


Corpos nus, empilhados, em pirâmide de peles. Ganidos de cães. Odor de urina. Golpes de fuzis. Torsos vermelhos, queimados com fios elétricos ou tocos de cigarro. Sorrisos de soldados tatuados que se divertem com a carne torturada. Cenas de Treblinka? Da Bósnia? Da Faixa de Gaza? Não, de Abu Ghraib. Fotos e notícias chocam a comunidade internacional, com denúncias de espancamentos, estupros, mutilações, mortes de civis. A ocupação anglo-americana no Iraque, realizada sem o aval da ONU, ignorando a Convenção de Genebra e dificultando as ações da Cruz Vermelha, aparece cada vez mais como um crime contra a humanidade. O massacre da população soma-se ao saque e destruição do rico patrimônio histórico e cultural do país, como sua biblioteca, uma das mais ricas do Oriente Médio, sítios arqueológicos, mesquitas e o Museu Nacional de Bagdá. Todos esses horrores, praticados com cinismo e indiferença pelas tropas de ocupação, não têm amparo nas leis internacionais e precisam ser investigados como crimes de guerra. O governo de George W. Bush é o principal responsável por esta tragédia, já que não foram encontradas armas de destruição em massa no Iraque, nem foi descoberto qualquer elo entre Bagdá e a organização de Osama Bin Laden, responsável pelos eventos do 11 de Setembro. As únicas armas letais descobertas no Iraque são as utilizadas pela força de ocupação, que não hesita em utilizá-las para matar milhares de pessoas. Entendemos que este conflito, cuja origem real é o desejo de controle do petróleo iraquiano e a política expansionista da Casa Branca, representa perigo para o mundo, ao estimular o racismo e a intolerância, o menosprezo às diferenças religiosas e culturais, aceitar a tortura de prisioneiros e o cerceamento da imprensa e das liberdades individuais, inclusive dentro do território norte-americano. Cabe recordar que George W. Bush foi eleito numa votação irregular, já evidenciando seu desprezo pela democracia. Estamos assistindo ao surgimento de uma nova manifestação autoritária, ainda mais ameaçadora pelo fato de se estabelecer num país com real capacidade de destruição em massa, e que coloca sua vontade de império acima dos mais elementares direitos humanos, consagrados aliás em sua Constituição e na Carta da ONU. Esta não é a América de Walt Whitman. Esta não é a América de Allen Ginsberg. Esta é a América de George W. Bush. Cabe a nós, escritores, artistas, intelectuais, integrantes da sociedade civil do Brasil e da América Latina, exigir o fim do morticínio. Pela retirada imediata e unilateral de todas as tropas estrangeiras do Iraque. Pela apuração de todos os casos de tortura e desrespeito aos direitos humanos e punição dos responsáveis, por fóruns internacionais. Pelo retorno da autonomia e da soberania ao povo iraquiano, o único capaz de decidir o seu próprio destino, com o apoio pacífico da comunidade internacional.

São Paulo, maio / 2004

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Ana Peluso é poetisa, Claudio Daniel é poeta.

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