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Imunidade Tributária na edição de livros

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

O Presidente Lula, ao sancionar a Lei de Imunidade Tributária para livreiros, atinge um leque de interessados, das livrarias aos escritores, dos pequenos aos grandes editores, das edições do autor, às universitárias, num efeito em cascata.
Isso vai baratear custos. A Lei isenta, para produção,comércio e importação, o pagamento de Pasep, cofins, Pis.
Oswaldo Siciliano, que é o presidente da Câmara do livro, exulta e considera a medida uma "determinação vigorosa do presidente da República", salientando que tal Lei provoca, no meio editorial&afins, uma "onda de otimismo e confiança no setor ", por ele, há cinquenta anos, não experenciada.
Com livros isentos de quaisquer taxas e impostos, poderemos publicar mais em papel, em vez de termos nossos trabalhos apenas virtualmente (livros de sonho, de prana, de desejo, por mais belos que sejam:como bebês num berçário, vistos através do vidro, sem que possamos tocá-los, quando o maravilhoso é colocá-los ao colo). Nada tenho contra os livros virtuais, eu própria tenho alguns e quero ter dezenas, mas o grande desespero de quem escreve é não ver seus escritos à venda, editados em papel.
Há algo que precisa mudar, à parte dessa notícia:os editores devem ajudar aos escritores a divulgarem, venderem.Já vi gente muito querida tentando suicídio por estar zerado de dinheiro ou devendo empréstimos, com pacotes e pacotes de livros virgens a esperar divulgação e venda.Em muitos outros países, o autor recebe um prolabore, um subsídio inicial para escrever.Ficar por conta. No Brasil, milhares escrevem subtraindo momentos no emprego, não totalmente concentrados, outro tanto, em geral as mulheres, o fazem entre lavar uma roupa e mexer uma panela. Outros escrevem e guardam. Alguns continuam sendo manuscritos, como outrora:nem todos os brasileiros têm computador...Está havendo um boom num movimento "poeta saia da gaveta', o oficial, com esse nome e uns tantos anônimos:poetas se reúnem em restaurantes, bares, praças públicas. Escritor quer ser lido, ouvido. e sempre tem o que dizer.
Deem uma olhadinha no site http://www.oficinadeesditores.com.br/roteiro.htm e olhar um extenso roteiro de encontro de poetas pelos brasis. E muitos grupos não estão cadastrados. Quando militei na imprensa, em Juiz de Fora, reuníamo-nos no NUME, Núcleo Mineiro de Escritores, que congregava todos os poetas, dos trovadores aos demais estilos, aos artistas de muitas áreas...Noites a falar, escrever, ler...
Voltando à Lei, nesse ponto, a conduta de Lula foi impecável: recomendou a José Sarney, escritor, que apressasse a tramitação no senado, quanto à votação. Se há falhas no pão, nas cestas básicas do Fome Zero, que agora, não haja nas fornadas de livros que poderão "sair do prelo", como se dizia outrora...
Sabemos que fazer livros não sai tão caro assim:a Fábrica de Livros, uma escola do SESc, no Rio, edita de dez a trezentos livros para o autor, a preços módicos:capas simples, mas trabalhos de boa qualidade.
Quem faz edições cooperativas, coletâneas, antologias, está muito melhor posicionado agora, em relação a 2005. E nós, os escribas, melhor esperançados...


A autora, Clevane Pessoa, militou na imprensa de Juiz de Fora-Mg, nos anos de chumbo, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária Clevane Comenta, na Gazeta Comercial. Foi editora de Literatura e arte do tablóide de vanguarda Urgente. Atualmente, é psicóloga, ilustradora e oficineira de Poesia. Tem dois livros publicados, capítulos em co-autoria em compendios de Psicologia. Faz a divulgação de Estalo, a revista, onde escreve. Participa dos saraus "Estalo em Movimento", com leituras de textos. Possui sete e-books. Tem textos e poesias hospedados em muitos sites.

Contatos:clevanepessoa_avbl@yahoo.com.br

Página Publicada em 22/12/2004