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Mário Eugênio Saturno
Nesta época, do Papai Noel, surge aos pais a dúvida do que fazer e o que dizer aos filhos. Fantasia ou realidade? Um bom velhinho que distribui presentes aos bons meninos e meninas parece uma visão mais comercial que moral. Porém tudo depende de como a família encara a festa natalina: religiosa ou material. O bom velhinho é um acessório. Bom ou mal é escolha sua.
A festa de Natal está associada à família, ao perdão, à bondade, à generosidade, à compaixão, à fraternidade, etc. E o Papai Noel é mais uma figura mítica a ocupar seu espaço na época. O bom velhinho também tem sua mensagem de otimismo e de camaradagem.
Uma criança somente está pronta para entender que Papai Noel é um mito a partir dos oito anos. Explicar a uma criança antes dessa idade é criar um cinismo e uma falsa maturidade totalmente desnecessária. A fantasia faz parte do mundo infantil. Portanto, não se preocupe, na idade certa elas saberão distinguir o real do imaginário, o simbólico do literal.
Contudo, houve um Papai Noel de verdade que gerou todo esse mito. Sua origem remonta a São Nicolau, por isso para os países de língua inglesa chamam Papai Noel de Santa Claus. Nicolau foi bispo da Igreja Católica que viveu na Turquia no quarto século. Há muitas versões sobre os seus feitos, todas relatam a existência de um homem alegre, devotado e generoso que anonimamente ajudava os necessitados. Depois de 1500 anos o santo homem tornou-se o que conhecemos, símbolo principal do consumismo.
Assim, o Natal é uma oportunidade de resgatar o verdadeiro Noel, ajudando o nosso semelhante em necessidade, dentro do espírito cristão, do porque Jesus veio ao mundo. Também é uma época de trocas de presentes, não de se dar dinheiro, mas presente. E por que? Quando se dá alguma coisa, demonstra- se que se conhece a pessoa querida, que sabe os gostos dela, do que, até mesmo, ela está precisando. Então, a troca de presentes serve apenas para mostrar que de fato amamos (e conhecemos).
Todos precisamos de segurança. A figura do Papai Noel, de Deus-Protetor, de práticas religiosas ou supersticiosas que atraem boa sorte fazem parte do cotidiano humano. Nascemos na certeza de que teremos pais que nos protegerão, nos amarão. A realidade é mais dura que nossos sonhos... Por isso Jesus Cristo nasceu: para trazer a paz ao mundo, uma paz manifestada na fraternidade do amor ao próximo. De fato, isolados somos fracos e indefesos, nossa força está em nossa sociedade, nossa civilização. Enfrentamos qualquer adversidade, criamos uma civilização de conforto e prazer. Mas não para todos.
Temos ciência, porém não temos sabedoria. Cristo nasceu há quase dois mil anos, mas seus ensinamentos não nascem em nossos corações nem um único dia do ano. Por que comemoramos o Natal? O que lembramos nessa data? O que fazemos nas Igrejas? Rezamos para que se nossas práticas não correspondem àquilo que Deus quer? Tornamo-nos cínicos e hipócritas?
E será difícil construir uma sociedade mais justa, sem fome, sem desemprego, sem analfabetos, sem violência, com moradia e com respeito? A se observar o exemplo que os países europeus nos dá... Ah! Mas são países pequenos, fáceis de se organizar. Se assim é, então está fácil: basta dividir nosso Brasilzão em pequenos estados parecidos com os europeus. Só isso não basta, sabemos disso!
Mudar o mundo demora, porém mudar a sua volta é mais fácil e caminho necessário para um mundo melhor. E o Natal se presta a isso. Cristo ensinou que devemos começar a mudar a nós mesmos. Assim, atitudes mais positivas tornam a própria vida mais agradável e a de quem está à nossa volta um paraíso. E olha que tem muita gente que se comporta como um capetão capitão que torna a vida dos familiares um verdadeiro inferno.
Portanto, agarre a chance para a redenção. Reunir a família, celebrar o perdão e o amor (não existe um sem o outro). Restabelecer os laços de amizade. Restaurar a simpatia, o antipático é feio, sorrir não custa nada e embeleza mais que maquilagem. Dar presentes aos amados contudo com o carinho devido. Comer e beber com moderação porque viveremos uma vida prazerosa se soubermos conhecer os limites do corpo e, também, da alma.
O autor, Mário Eugênio Saturno, é Tecnologista Sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Catanduva (FAFICA) e congregado mariano.
Contatos:saturno@dea.inpe.br
Página Publicada em 22/12/2004
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