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Seção de Poesias da Casa da Cultura - Poesias em Português

Suburbanos

Agostina Akemi Sasaoka

Parte-se a boca.
De todos os pedaços
dos corpos desunidos
fogem vermes imaginários.
Os ratos vão marchando
entre as inumeráveis madrugadas da favela.
Num último escarro
a vida se trapaceia
(mais uma vez).
Ainda é muito noite:
os seios não se vão pelos decotes,
mas permanecem cambaleantes.
O homem
- risível pataca de sonhos -
contorna as mulheres
com a fumaça do cigarro.
É preciso matar...
O mundo está muito flácido.
Os becos se inclinam
para proteger a facada.
- Venha cá, tolo cãozinho:
talvez seja o último gato.
A cidade exala seu perfume doentio
e começa a se devorar.
Os cemitérios cospem seus fantasmas
que vêm ao nosso encontro.
Do meio do meu sorriso
desprende-se o teu desejo.
Pequemos,
ainda que haja amanhã.

 

Leia outras poesias da autora:
[A Garganta da Serpente]
[Infinitivos]
[Espera]
[Rio]

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Sobre a autora, Agostina Akemi Sasaoka, pouco sabemos: acima de tudo que é poetisa, que seu verso é insinuante, sibilante, repleto de aliterações e consonâncias, surpreendente... que fala de sentimentos e impressões com sutileza, talento e rara coragem... e que às vezes é extremamente sensual... Em seu belíssimo site A Garganta da Serpente ela diz: "Não tema: os astros podem ajudá-lo a compreender meus meandros... o sol me fez taurina e a lua de 1977 me fez ofídio (...) Que as estrelas nos protejam. Quanto a você, espero que esteja preparado para o prazer de ser."

Contatos: serpente@gargantadaserpente.com
Site WEB: gargantadaserpente.com


Página Publicada em 07/jul/2004