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Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite)
E-book
- Poesias, de Agostina
Akemi Sasaoka: Foi uma grande satisfação
editar o trabalho dessa poetisa, que o nosso conselho editorial
situa entre as melhores da atualidade em nosso país.
Seus versos envolvem o leitor em uma intensa experiência
sensorial; sua musicalidade insinuante, sibilante, repleta
de aliterações e consonâncias flui como
um rio, um rio que atravessa o mundo dos impulsos e sentimentos
primordiais, um mundo de impressões viscerais, biológicas...
e flui através desse mundo cru com surpreendente sutileza.
É poesia de rara franqueza e coragem... e às
vezes de extrema sensualidade. Das
poesias aqui apresentadas, algumas são inéditas,
outras foram publicadas no livro "Poros", Editora
Komedi, 1997, obra que também está disponível
em versão eletrônica. [Download
Gratuito]
Artigo:
Geração 'hã?', de Marco Poli:
O artigo, editado em nossa série de debates
sobre a Modernidade, fala da estupidificação
das pessoas: "... Falo de quem apenas se espelhou
num universo criado por seus pais, onde só existe valor
naquilo que se possui. Não há valor naquilo
que se traz como bagagem individual. Portanto, não
há mais necessidade de qualquer tipo de bagagem. A
história, a cultura, a sociedade, tudo isso ficou reduzido
ao turbilhão que roda em torno de cada um dos novos
umbigos." O autor é Jornalista e Diretor
de Redação do sítio WEB capitalgaucha.com.br.
[Painel
de Debates: A Modernidade]
[Leia
o artigo completo]
Conto
- O Prefeito, de Maria A. S. Coquemala: O
conto publicado hoje é a engraçadíssima
história de um prefeito recém empossado e seu
aloprado amigo "Professor Poincaré", que
sem qualquer resquício de bom senso tentam colocar
certas idéias "democráticas" em prática,
e criam uma tremenda confusão. Não deixe de
ler!
[Leia
também os contos de humor de André Masini]
Muitas
outras obras, dos mais diversos gêneros, todas
gratuitas e sem propaganda de qualquer tipo, você encontra
em nosso sítio
WEB, não deixe de nos visitar. Agora temos um mural
informativo das últimas novidades, atualizado semanalmente:
[Link
para o mural de últimas novidades da Casa da Cultura]
Um
abraço fraternal,
Casa da Cultura
AJUDE A DIVULGAR A CASA DA CULTURA retransmitindo nossas comunicações
a seus amigos e conhecidos.
Obrigado.
O
Prefeito
Maria
A. S. Coquemala
Eleito, quis de imediato ouvir o povo em suas mais profundas
aspirações, conforme prometido em campanha.
Solicitou ao secretário, Prof. Poincaré, amigo
e emérito pesquisador de matemática, estreante
em cargo político, que convocasse todos os munícipes,
sem qualquer restrição. Democracia é
participação, daí que todos deveriam
participar, ensinava ele.
Aquele “todos”, levado ao pé da letra
pelo professor Poincaré, profundo conhecedor das
ciências exatas, mas desconhecedor da natureza humana
em suas complexas manifestações, levou-o a
organizar o atendimento começando pelas criancinhas,
pois “todos” são todos mesmo, de qualquer
idade, inclusive elas. Que encheram a Prefeitura, chilreando
seus cândidos pedidos, bolas, sorvetes em milhares
de sabores, bicicletas, pipoca, pirulitos, bichinhos, bexigas
coloridas, flechas, apitos, peixinhos, gatos e cachorros,
patinetes, ruas só com descidas... Sua Excelência
coçou a cabeça, difícil descobrir a
mágica de ruas só com descidas, subidas nunca,
mas haveria de conversar com Poincaré... Quanto ao
resto, sempre se poderia dar um jeito...
Mas Poincaré, sempre sério e atencioso, já
convocava os adolescentes, fizessem seus pedidos, também
faziam parte do “todos”. E a vetusta Prefeitura
se encheu de rabos de cavalo e bonés com abas para
trás, o que levou o distraído secretário
a se perguntar se meninos tinham agora algum problema visual,
ou quem sabe? Um novo olho na nuca, havia que protegê-lo...
Como quer que fosse, o recinto se encheu de vozes e cores,
tênis luminosos, jeans apertadíssimos e camisetas
enormes, chicletes e “piersing” nos umbigos
e narizes, celulares, radinhos, colares e tatuagens, todos
pedindo clubinhos exclusivos, imensas mesadas, liberdade
total, com pais e na escola, substituição
dos velhos e ranzinzas professores de mais de 25 anos, queima
da velharia guardada nas bibliotecas, o mundo exigia idéias
novas... Sua Excelência aproveitou a data, dia de
S João, fez enorme fogueira com a livraiada, aposentou
todos os idosos professores conforme o solicitado, proclamou
as liberdades pedidas, uniformes foram também queimados,
despertadores agora inúteis foram quebrados em praça
pública como símbolo da liberdade conquistada.
E pra mostrar modernidade, ele mesmo colocou um “piercing”
no nariz. Verdade que ouviu alguns comentários maliciosos,
xiiiiiiii, o prefeito pirou... Entre outros de que preferia
nem falar... Ser prefeito é ser paciente, filosofava...
Então Poincaré convocou os velhinhos, afinal
precisavam ser ouvidos antes que morressem. Atendidos, morreriam
felizes. Estavam pedindo dentaduras de ouro, pílulas
achocolatadas, elixir da juventude, bibliotecas lotadas
com antigos e famosos clássicos da Literatura e sábios
de todos os tempos, quando foram interrompidos por Sua Excelência
que desconhecia a mágica de fazer os livros voltarem
das cinzas já espalhadas pelo vento no dia de S.
João. No resto, talvez pudesse também dar
um jeito. E em sinal de compreensão, passou a usar
uma elegante bengala, o que levou alguns cínicos
a verem nela um símbolo fálico... Mas Sua
Excelência preferiu ignorar as risadinhas à
socapa, ser prefeito é engolir sapos sorrindo, continuava
ele filosofando...
Mas Poincaré, incansável, já pedia
a Sua Excelência que atendesse aos profissionais liberais
que entre tantas outras coisas, queriam espaço e
liberdade para o exercício da profissão, nada
de alvarás e outras exigências burocráticas,
emperradoras do progresso. Todos os espaços públicos
da cidade foram, pois, liberados, médicos passaram
a atender sob os ipês floridos, cachorros farejando
sangue rodeavam cirurgiões, exames médicos
atraíam platéia de todas a idades, deixando
perplexo o sábio Poincaré. Advogados empertigados
em ternos e gravatas ouviam clientes nas ruas; dentistas
trabalhavam sob as árvores, amálgamas se enriquecendo
com o cocô dos passarinhos; arquitetos, paradoxalmente,
projetavam mansões de sonho no pó do chão,
crianças se deliciavam com os belos desenhos, mas
que o vento teimava em desmanchar...
E vieram as mães, Poincaré era incansável,
mas desesperadas pediam a retirada das criancinhas da rua,
estavam se matando em guerras de flechas e pirulitos, fizesse
voltarem os adolescentes à escola, ouvir músicas
em altíssimo som em casa era desesperador... E era
tanta a gritaria que Sua Excelência em sinal de solidariedade
colocou uma pleonástica faixa em frente à
Prefeitura, “Amo todas as mamães”, alterada
à noite por algum engraçadinho, de modo tal
que nem se pode contar aqui. O que gerou um clima de risadas
gerais na cidade. Então Sua Excelência, cansado
de mudanças, incapaz de construir ruas sem subida,
só descida, de extrair livros das cinzas; cansado
de suspeitas risadinhas e filosofia consolativa, arrancou
o “piercing”, jogou para longe a bengala, exonerou
Poincaré e contratou um secretário surdo-mudo.
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