Bom Dia, Amigo(a)
Assinante, (ou Boa Noite)
"Neste tempo de Natal, eu a saúdo; não
como o mundo normalmente envia saudações, mas
com profunda estima, e com preces que, para você, hoje
e para sempre, o dia nasça, e as sombras se vão
embora." (Fra Giovanni Giocondo: arquiteto, arqueólogo
e acadêmico veronês, em uma carta escrita na noite
de Natal, 1513)
Nós da Casa da Cultura desejamos a você querido(a)
assinante, com profunda estima, um Feliz Natal, muita luz,
paz e harmonia, e que qualquer sombra se vá embora,
para sempre.
André Masini
Elizangela de Carli
toda equipe da Casa
Noite de Natal: Esse conto que hoje publicamos
é da escritora e professora de Literatura Maria A.
S. Coquemala. Engraçado e triste ao mesmo tempo, o
texto narra as desventuras de um sujeito que tenta um bico
de Papai Noel.
[Leia
outros contos dessa e de outros autores, na Seção
de Contos da Casa da Cultura]
A história que não quer apagar - Num
artigo bem inspirado para essa época de Natal, o jornalista
Carlos Laranjeira conta como, 35 anos atrás, conheceu
irmã Dulce: uma imagem de bondade e altruísmo
que permanece em sua memória, como um exemplo de atitude
elevada que motiva e dá sentido à vida.
[www.casadacultura.org/Literatura/Artigos/g01/historia_nao_quer_apagar_CL.html]
Papai Noel existe? Vale à pena falar
às crianças de Papai Noel? Nesse artigo, o professor
e escritor Mário Eugênio Saturno, examina o consumismo,
o verdadeiro sentido do Natal, e a origem da figura de Papai
Noel:
[www.casadacultura.org/Literatura/Artigos/g01/Papai_Noel_existe_Mario_Saturno.html]
Poema de Natal - Versos da jornalista, psicóloga
e poetisa Clevane Pessoa de Araújo Lopes, sobre o nascimento
de Cristo.
[www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g02/Poema_Natal_Clevane_Pessoa.html]
O Natal na Ficção Científica:
Nossa seção de Ficção
Científica, ainda incipiente, tem a satisfação
de apresentar o conto "Natal no Olimpo",
do jovem e criativo escritor Rogério Amaral
de Vasconcellos. Ele narra os acontecimentos do Natal de três
prisioneiros em um universo fantástico.
[www.casadacultura.org/Literatura/Ficcao_Cientifica/Ficcao_Cientifica_idx.html]
Um abraço natalino,
Casa da Cultura
AJUDE A DIVULGAR A CASA DA CULTURA retransmitindo nossas comunicações
a seus amigos e conhecidos.
Obrigado.
Noite de Natal
Maria A. S. Coquemala
Engordei demais, os cabelos embranqueceram, sequer
faço a barba, se encaracolando, seqüelas do desemprego que
já dura anos. Mais uma vítima do capitalismo selvagem,
vivo repetindo, plagiando político em tempo de eleição, talvez
porque me tenha tornado preguiçoso até para ter idéias próprias...
De algum modo, tento me justificar, ao menos perante minha
mulher, um contraste. Inesgotável a energia que a move, trabalhando
na escola, vendendo cosméticos, cuidando da casa... É condescendente
comigo, porém sei o que ela pensa, sou vítima, sim, mas do
temperamento briguento, daí que poucos me aturam... Mas, nada
me cobra, sabe que é impossível torcer o pepino maduro. Sintomaticamente,
adora a citação das mulheres nordestinas, homens são todos
diferentes, mas marido é tudo igual...
E aconteceu naquela noite, Natal chegando, em frente à loja
de brinquedos. Uma criança me chamou de Papai Noel, grudou-se
em mim, pedindo presente. Repeli o menino importuno, falei
um palavrão. O tempo tinha esfriado, eu usava jaqueta avermelhada,
um contraste com a barba e os cabelos brancos... Natural que
o menino se confundisse, minha mulher apaziguava...
E daí lhe viera a idéia... Por que não trabalhar um pouco
como Papai Noel, um modo de ganhar algum dinheiro sem muito
esforço? Ajudaria nas invitáveis despesas de fim de ano. Sugestão
que topei de má vontade, não sei lidar com crianças.
Assim, me tornei um entre os papais-noéis de uma grande loja
de brinquedos. E na festiva noite natalina, saí para as entregas.
Já no primeiro semáforo, o guri humildezinho se aproxima,
quer presente, tantos no carro... Me compadeço, é preciso
explicar que nada ali me pertence. Guri que mostra uma arma
enorme, ameaçando, ou leva presente ou atira. No sufoco, pego
qualquer um. Prossigo, paro na lojinha ainda aberta, compro
o macaco made in China, que requebra cantando em espanhol.
Reposto o presente, parto para as entregas...
Como poderia imaginar que criancinhas inocentes aguardassem
Papai Noel com seus truques e artes? Mal entro, ho ho ho,
o menino, sorrateiro, tenta me arrancar a barba. Barba que
é minha mesmo. O fdp leva cascudo, grita feito doido, mamãe
não entende, mas papai sim, autor intelectual da safadeza...
Tudo explicado entre risadas. Controlo impulsos assassinos
jamais imaginados...
Segunda entrega, a menina me espera, sentada, quietinha,
na sua cadeirinha enfeitada. Levante, meu amor, tento
ser gentil, Papai Noel chegou com lindos presentes para
você. Menina que não levanta, só então percebo, está doente,
pernas e braços fininhos, mal sustém a cabeça. Papai Noel
gostaria de ser pássaro, voar pela janela aberta, desaparecer
no infinito céu estrelado... Mamãe chora disfarçando, papai
fechou a cara. Sou mesmo um fdp...
Chego à mansão, o empertigado mordomo me atende, e eu que
pensava que mordomo fosse espécie extinta, coisa agora só
de romance policial, sempre culpado de ocultação de cadáver,
e ali um vivo e solene. Entrego o presente ao rico menino.
O macaquinho canta e dança, mas a cara de todo mundo é estranha,
Papai Noel, eu pedi aquele maravilhoso celular faz-tudo,
dá até pra ver filminho e fotografar, procura direito aí no
saco... Chamo papai a um canto, gaguejo, tento me explicar,
papai me olha desconfiado. Vai telefonar à loja, alguém vai
ter que devolver o dinheiro etc, etc e etc... Saio, levo o
macaquinho, ainda cantando, Ai, Chiquita, linda
muchacha, te quiero mucho.....Deixo pra pensar depois
como pagar o celular importado, me livrar de encrencas.
Sinto as botas apertando, devo ter bolhas, subo a escadaria,
me aguardam lá em cima pertinho do céu, todo mundo cantando,
há tantos menininhos e menininhas... Tenho que descer, errei
de saco, era o outro, o imenso... Subo outra vez, os pés doem,
meu Deus do céu, como aceitei a sugestão da louca da minha
mulher sem pensar nas implicações?
Já rodei quilômetros, estou no final da periferia, é meia-noite,
bebi mais do que devia... E, afinal, onde moram Leide Daiane
e Lovenilson Robert? Que nomes, pqp...
Enfim a casinha. Papai, mamãe, filhotes e cachorro à porta,
todos ansiosos. Tem carrinho de plástico para Lovenilson,
uma Barbie chinesa para Leide. Sorriem todos, tenho que ficar
pra ceia natalina, é parte do programa deles, está na mesa,
mas ceia composta de duas latinhas de cerveja, frango assado
de TV de cachorro, arroz com feijão, sagu na sobremesa ou
algo parecido.. Jamais gostei de frango, e arroz e feijão
à meia-noite não me apetecem, mas, melhor honrar a pobre gente.
Então me lembrei do macaquinho. Que encheu a pequena sala
de requebros, a musiquinha saiu pela janela, se espalhando
pela rua... Vizinhos vieram e juntaram-se a eles com suas
pobres ceias, a pequena casa se encheu de tal modo, que trouxeram
também cadeiras e mesas, se espalharam pelo quintalzinho,
e vieram gatos e cães, até um papagaio apareceu... Um casal
chegou, tão pobrezinho, de nomes Maria e José, assim se apresentaram,
ela grávida... E todos acharam que uma das estrelas brilhava
mais ainda, envolvendo tudo numa luz dourada... Três homens
que passavam pediram licença, de algum modo queriam também
confraternizar, então presentearam o casal pobrezinho com
seus modestos pertences, um velho relógio, uma escura correntinha
dita de prata e uma aliança sem brilho. Mas aceitos como jóias
preciosas naquele momento mágico. Posto o que, também comeram
e beberam, depois humildes se despediram e se foram, Maria
e José com eles. Ainda se ouviu o ronco do carro partindo
a toda... E alguém, súbito, se lembrando que tinham chegado
a pé...
* * *
Como explicar a ela as desventuras da noite que findava,
carro roubado, ter que pagar o celular importado do menino
rico? Então a presenteei com o macaquinho requebrento,
ai, Chiquita, linda muchacha, te quiero mucho... Estrelas
brilharam em seus olhos. Paz na terra às mulheres de boa vontade...
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