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18/FEV/2004

BOLETIM INFORMATIVO SEMANAL

da Casa da Cultura

Bom Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite) 

"BRASIL: geografia, folclore e arte regional", é a nova seção da Casa da Cultura, que está sendo inaugurada hoje! Um espaço para fotos, artigos, pinturas e todas outras artes e recursos que ajudem a mostrar e desvendar um pouco desse nosso imenso e riquíssimo país. A seção é inaugurada com duas surpreendentes exposições sobre o Estado de Pernambuco:

1) Adeildo de Maracaípe, um artista nato: Quando nossos ancestrais das cavernas começaram a fazer desenhos nas paredes, certamente não o fizeram pensando em obter recompensa financeira, nem prestígio, nem poder. Hoje existem empresas de arte: editoras, livrarias, gravadoras, galerias, marchands, mas o objetivo dessas não tem qualquer relação com a necessidade primordial que levou o homem a criar e a se expressar. Felizmente, longe de toda essa indústria e alheio a ela, o espírito artístico do ser humano sobrevive, e uma prova viva disso é Adeildo Antônio da Silva. Adeildo nem sequer se diz artista. Ele se apresenta como segurança. Trabalha em uma pousada na praia de Maracaípe, PE. Mas seus olhos enxergaram nos cocos e gravetos da região algo que ninguém jamais havia enxergado; e, juntando troncos e gravetos, ele passou a esculpir galinhas, pintinhos e outras aves... Hoje a pousada está rodeada de grupos de galináceos, uns ciscando, outros comendo, outros apenas observando. As esculturas são simples, frágeis... mas a expressividade dos animais é algo que salta à vista... Elas parecem ter vida... Para mim, Adeildo (que não tem idéia do que seja uma galeria) é o verdadeiro artista. Seu trabalho não precisa de nenhuma fórmula intelectual para ser compreendido, nem de qualquer artifício para ser justificado. Parece-me que ele tem, em sua arte, um pouco da espontaneidade de nossos ancestrais das cavernas, que eu também espero ter em minha escrita. (André Masini.)
Não deixe de visitar [a exposição de Adeildo na Casa da Cultura], sua primeira em qualquer espécie de veículo de comunicação:

2) Petrolina, PE e Juazeiro, BA vistas pelas lentes do fotógrafo Carvalho Pinto: Belíssima exposição de cenas, pessoas e paisagens das cidades irmãs, mostradas com talento e sensibilidade por esse fotógrafo de 50 anos, que se dedica a documentar os diversos aspectos da vida nordestina. [Clique aqui para ver a exposição.]

Presente para os assinantes exclusivos Casa da Cultura: Ter você a nosso lado, assinante, é a grande alegria de toda nossa equipe. Para comemorar sua presença, os assinantes exclusivos da Casa da Cultura receberão um brinde: uma coleção de dez livros de José de Alencar, em edição especial, reservada (edição formato pdf -- só não é em capa dura porque não é encadernada, mas a qualidade é reconhecida desde o século XIX). Se você não sabe se sua assinatura é de assinante exclusivo ou de assinante conveniado, aguarde os próximos boletins: a partir da próxima semana, os boletins virão com a identificação: "exemplar de assinante exclusivo" ou "exemplar de assinante conveniado". Os assinantes exclusivos receberão uma senha para retirar os livros em nosso sítio. As definições e FAQ sobre o que é um assinante exclusivo ou assinante conveniado estão na página: [Tipos de Assinatura da Casa da Cultura.]

Artigo: O artigo dessa semana, "Casos Caninos: Quatro Amores", é uma divertida crônica sobre uma infeliz e rabugenta senhora que se depara com três atrevidos cachorros, que de início lhe irritam profundamente, mas que depois acabam lhe revelando coisas surpreendentes... (só lendo para ver). O artigo foi publicado hoje, 18/02/04, no Jornal O Paraná. Para ler outros artigos e crônicas de André Masini, acesse: [http://www.casadacultura.org/andre_masini/artigos/index.html]

Sítio de Poesia entre os TOP 10!: O belíssimo sítio de poesia [A Garganta da Serpente], que na data de hoje completa 5 anos no ar, classificou-se merecidamente entre os TOP10 do concurso IBest. É um grande alento para a poesia nesses estranhos tempos em que vivemos. Vote você também, a ajude A Garganta da Serpente a se classificar entre os TOP3! [http://www.gargantadaserpente.com/ibest/] .

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Artigo:

CASOS CANINOS: QUATRO AMORES

André C S Masini

Certa vez, atendendo a um pedido de minha avó, levei uma velha tia solteirona de São Paulo ao sul da Bahia. Era uma senhora infeliz, que detestava pessoas, cachorros, cidades, praias e tudo mais que lhe aparecesse na frente.

Quando cheguei para pegá-la, ela já se pôs a protestar contra a "velha carroça ridícula" (que era meu carro). Só se dignou a entrar após muita conversa, e depois não parou mais de reclamar por toda a viagem: era o guarda que tinha cara feia, o caminhão que soltava fumaça, as curvas, os buracos, e acima de tudo o motorista e o carro, que juntos reuniam todos os mais detestáveis defeitos que duas coisas podem ter.

Chegando ao destino, eu quis aproveitar meu único dia de descanso. Acordei cedo e fui para a praia sozinho. Estava feliz fazendo um castelo de areia, quando ouvi a voz da tia insultando minha obra...

Sentei-me sobre o castelo, aborrecido. O dia parecia perdido, mas foi aí que o cachorro apareceu.

Branco e peludo, veio andando em minha direção; parou a uns cinco metros de distância e ficou me fitando simpático. Eu falei carinhosamente a ele, e ele abanou o rabo. A tia começou suas imprecações contra o animal "feio e pulguento", mas eu não lhe dei atenção e joguei um biscoito de polvilho para o bicho. Ele andou até o biscoito, cheirou, mas não comeu. Apenas deitou-se diante dele, apoiando o focinho sobre as patinhas unidas, e ficou abanando o rabo e alterando olhares entre minha tia e mim.

Eu chamei o cachorro, mas ele lançou olhares de esguelha para a velha, como se dissesse que para o lado dela não ia não.

Afastei-me dela e chamei-o novamente. Ele veio. Acariciei sua cabeça, e ele ficou ali, sorrindo e abanando o rabo até que...

Subitamente, como se tivesse lido meus mais secretos e proibidos desejos, ele saiu correndo saltitante de alegria, aproximou-se do coqueiro onde minha tia apoiara suas coisas, levantou a perna e despejou uma formidável quantidade de xixi amarelo sobre a bolsa e o chapéu dela.

A velha berrou com as mãos no rosto, como se o apocalipse tivesse começado. Correu desesperada para o cãozinho, que fugiu saltitante, adorando a brincadeira.

Eu corri também, sem controlar as gargalhadas, e tentei ajudar minha tia lavando as coisas no mar. Mas não consegui consolá-la.

Ela sentou-se, com a cara fechadíssima, resmungando sem parar. À certa altura, seus olhos se arregalaram, fixando algo atrás de mim.

O cachorro estava voltando, seguido por outros dois: uma fêmea marrom que também saltitava, tão alegre quanto o primeiro, e um segundo macho branco mais pacato, que apenas balançava o rabo, seguindo os outros dois.

A tia levantou-se e avançou para os cães aos gritos e de mãos em punhos. Os dois da frente se separaram, ficando um de cada lado da velha, latindo e brincando. Aí a tia teve a triste idéia de ameaçar o branco com um chute. Ele se esquivou e, rápido como uma gaivota em mergulho, foi até o coqueiro, pegou o chapéu dela e fugiu em disparada.

A tia correu atrás dele, berrando a todos pulmões.

A fêmea marrom imitou o branco e enfiou o focinho na bolsa, pegou uma toalha e desabalou atrás do amigo. A tia parecia que ia explodir de tanto berrar, mas os berros de nada adiantaram. Os dois cães sumiram num matagal, e o segundo macho branco os seguiu, caminhando calmamente.

Mal acreditando naquilo, eu me pus a imaginar o que mais poderia acontecer.

Cerca de duas horas depois surgiu à distância um senhor carregando algo. Atrás dele, descaradamente, vinham os três cachorros. O homem era o dono dos bichos e, quando os vira chegar com as coisas, entendera que deveriam ter sido tiradas de algum hóspede do hotel. Viera se desculpar, trazendo o chapéu e a toalha, ambos já lavados, além de alguns quitutes.

Era um baiano simpático e gentilíssimo, que tratou a tia com toda a atenção e, para minha enorme surpresa, logo conseguiu tirar dela alguns sorrisos. Ele certamente via nela coisas que eu não pudera ver...

Para resumir a história, a tia acabou se casando com o homem.

Um ano depois eu fui visitá-la naquela praia. Ela estava irreconhecível: sorria o tempo todo, não se queixava de nada e dividia alegremente sua cama de casada com os três cachorros, que se alternavam em seu colo e que ao lado do marido eram os quatro amores de sua vida.

O autor é  Escritor, Auditor Fiscal da Receita Federal
e Diretor Geral da Casa da Cultura.



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