Casa da Cultura    


Boletim Informativo Semanal

Ano II, número 04 - Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2.004   

Casa da Cultura Literatura Trabalhos de A. C. Masini

    Exemplar de Assinante Conveniado    

Bom Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite) 

Finalmente Terminamos! nosso novo sistema de controle de assinatura e envio de boletins está pronto e operando. As dificuldades imprevistas foram muitas, como todo mundo que já tentou desenvolver um sistema bem pode imaginar, mas no final ficou excelente! Ele foi desenvolvido na linguagem aberta PHP para rodar com o banco de dados MySQL. Tudo em Linux, evidentemente. (Linux, além de ser de graça, poupa seus usuários de mensagens tipo: "Seu sistema travou por um erro não identificado! Seus dados serão perdidos. Favor reinstalar o Windows.", que por tanto tempo nos assombraram.)

De hoje em diante a Casa da Cultura poderá manter um histórico completo de cada assinante, e enviar boletins diferenciados para Assinantes Exclusivos e Assinantes Conveniados. Além disso passará a ser bastante reduzido o trabalho exigido de nossa equipe de voluntários para manter atualizado o cadastro de assinantes (com as dezenas de novas assinaturas diárias e novos cancelamentos).

As informações dos nomes e e-mails de nossos assinantes sempre foram tratadas com o mais absoluto sigilo e rigor, com o novo sistema isso não foi alterado, mas agora o assinante pode compreender mais claramente a forma como seus dados são protegidos e as garantias que tem. [Clique aqui para maiores informações.]

Bicha explode no ar!: Nesta semana não publicamos artigo de André Masini, mas na semana que vem não deixem de ler "Bicha explode no ar!", artigo tragicômico a ser publicado dia 03/03/04 no Jornal O Paraná e aqui em nosso boletim. Para ler artigos e crônicas de André Masini, acesse: [http://www.casadacultura.org/andre_masini/artigos/index.html]

E a literatura resiste: Na semana passada, tivemos a satisfação de divulgar a presença do sítio de poesias [A Garganta da Serpente] entre os TOP10 do concurso IBest, (categoria pessoal variedades). Hoje publicamos o artigo do veterano poeta, batalhador e militante cultural Ulisses Tavares sobre a necessidade e os frutos da leitura: "Por que o jovem não deve ler! ".

"Por que o jovem não deve ler! ". É o artigo de hoje. Quando os jovens formam sua cultura diante da tv, assistindo big-brothers e coisas do tipo, o que acontece com esses jovens e com o mundo? O autor, Ulisses Tavares, mostra com grande habilidade os frutos que a leitura traz, e as consequências da ausência da leitura.

Presente para os assinantes exclusivos Casa da Cultura: A edição da próxima semana (apenas os exemplares de assinante exclusivo) incluirá as senhas para retirada dos livros (brinde) em nosso sítio: uma coleção de dez e-books de José de Alencar, em edição especial, reservada (edição formato pdf -- só não é em capa dura porque não é encadernada, mas a qualidade é reconhecida desde o século XIX). As definições e FAQ sobre o que é um assinante exclusivo ou assinante conveniado estão na página: [Tipos de Assinatura da Casa da Cultura.]

Saudações,
Casa da Cultura

AJUDE A DIVULGAR A CASA DA CULTURA retransmitindo nossas comunicações a seus amigos e conhecidos.
Obrigado.


Artigo:

POR QUE O JOVEM NÃO DEVE LER!


Ulisses Tavares *

Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.

E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.

(Êpa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionário pra entender gibi da Monica, na onda dos sarados e popozudas que vêem na telinha, e que vou dar uma força pra essa parada aí, porra.)

Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)

Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.

Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.

Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua técnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.

E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.

Viram como ler atrapalha?

A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.

E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.

Porisso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.

A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienação pela leitura.

Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.

E tem, no mínimo, 5 razões poderosas , maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário:

  1. Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale à pena o esforço. Como disse o Lula (que não teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Porisso que eles mandam e desmandam há séculos;
  2. Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber (a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;
  3. Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mídia;
  4. Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;
  5. Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.

O espaço está acabando e me deu vontade de lembrar que ninguém -nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura - pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e, lá, absorve não conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, tres entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.

Mas páro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperança, força e fé na mudança.

De um especialmente - o poeta Tiago de Melo - com seu verso comovido e repleto de coragem:

"Faz escuro, mas eu canto!"

Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão.

 

* O autor, Ulisses Tavares, por ter começado muito cedo sua militância poética (aos 8 anos, estando ele hoje com 53), tem uma rica experiência para compartilhar. Vem atravessando e participando ativamente de todos movimentos/etapas da poesia brasileira nos últimos 45 anos, desde a geração mimeógrafo até a geração web. Foi o fundador e editor do jornal/movimento Poesias Populares, de resistência à ditadura. Também editor do Núcleo Pindaíba, primeiro movimento/editora a revelar e abrigar poetas brasileiras como Leila Miccolis, Maria Rita Khel e Lúcia Villares. Um dos membros do polêmico Movimento de Poesia Pornô. Autor do primeiro bestseller da poesia marginal com o livro Pega Gente. Pioneiro no uso das idéias do psicanalista maldito Wilhelm Reich em performances poéticas, chegando a reunir 2 mil pessoas no Parque Lage-RJ. Também pioneiro da poesia eletrônica. Participa do Livro/Agenda da Tribo, provavelmente o livro de poesias mais vendido do Brasil, há 13 anos. Fez parte ativa das chamadas geração mimeógrafo, geração xerox, geração off-set, geração vídeo, e hoje da geração web. Atualmente é um dos raros poetas do Brasil a terem ultrapassado a marca de mais de 1 milhão de exemplares vendidos exclusivamente no gênero poesia.
Tem mais de 76 livros publicados (43 infanto-juvenis) em todos os gëneros literários e é também professor de pós-graduação em tecnologias de informação, compositor, criativo publicitário internacionalmente premiado, dramaturgo e jornalista digital.


ASSINATURA E CANCELAMENTO:

Este boletim é um serviço gratuito da Casa da Cultura. Para assiná-lo, basta informar seu nome e e-mail na página de assinaturas em nosso sítio [clique aqui].

Sua privacidade é garantida, seu direito de cancelamento da assinatura também, a qualquer momento, sem lhe seja feita qualquer pergunta ou restrição. Se você tem dúvidas, todas elas podem ser sanadas em nosso sítio:

[Conheça o Boletim Informativo Semanal da Casa da Cultura]

[Informações sobre segurança e sigilo do nome e e-mail do assinante.]

[Detalhes sobre os tipos de assinatura: Assinantes Exclusivos e Conveniados]

[Por que confiar na Casa da Cultura?]

Para cancelar sua assinatura clique aqui: (depois envie o e-mail) ou entre na página WEB http://www.casadacultura.org/d/boletim/canc_ass.html e clique no link "Quero cancelar minha assinatura".