Casa da Cultura    


Boletim Informativo Semanal

Ano II, número 17 - Quarta-feira, 09 de junho de 2.004   

Casa da Cultura Literatura Trabalhos de A. C. Masini

Edição Especial: José Luis Ferreira

    Exemplar de Assinante Conveniado    

Bom Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite) 

Inaugurada nossa seção de e-Books:
A Casa da Cultura desenvolveu uma técnica de edição de e-Books que consegue oferecer ótimo padrão gráfico e aspecto visual, com arquivos pequenos. Através dela, o visitante ou assinante pode fazer o download de um e-Book rapidamente, e depois fazer quantas cópias quiser e enviá-las por e-mail a quem desejar, sem nenhuma dificuldade.
Após termos obtido essa técnica, convidamos escritores de qualidade para integrar uma série de e-Books que foi batizada de Coleção Arte Literária, que consistirá de livros de poesia, ensaios, contos, crônicas, romances, teatro e artigos. [Conheça outros detalhes de nossa proposta de edição de e-Books]
Os e-books poderão ser baixados livremente, sem necessidade de identificação de quem faz o download, sem qualquer exigência prévia ou burocracia. As edições são isentas de qualquer tipo de propaganda.
Esse projeto segue a filosofia da Casa da Cultura [queira ver] de ser um veículo cultural livre e gratuito, alheio a qualquer interesse comercial.
A coleção está sendo inaugurada hoje, com chave de ouro, com oito e-Books do escritor português José Luis Ferreira: sociólogo e filósofo das artes (veja próximo tópico). Os livros já estão à disposição de nossos(as) assinantes e visitantes para download. [Página de download de e-Books, clique aqui]


José Luis Ferreira: escritor português, nascido em 1938, com origem acadêmica na sociologia, ciência da qual foi pesquisador e docente, mas que a partir dos anos 70 enveredou para área de administração e gestão empresarial e consultoria de empresas, desenvolvendo projetos em áreas muito diversas, da publicidade à tecnologia industrial; participou de comissões do governo português e foi diplomata nos Países-Baixos. É poeta, ensaísta e prosador, com vasta bibliografia editada e inédita; é também crítico de artes e de literatura, além de promotor e divulgador de arte e eventos culturais. É conhecido principalmente por seus escritos críticos e filosóficos sobre artes plásticas: é autor de artigos, ensaios, palestras, conferências, monografias e prefácios em catálogos de centenas de exposições de artistas plásticos contemporâneos, participou e interveio em congressos, simpósios e diversos júris de exposições coletivas, em Portugal e em diversos outros países. Membro, entre outras, das Instituições: Sociedade de Língua Portuguesa, ANAP-Associação Nacional dos Artistas Plásticos. dos Comitês de Portugal para a AIAP- Association Internationale des Arts Plastiques (UNESCO) e Luso-Galaico para o Desenvolvimento Cultural e do Círculo Cultural e Artístico Artur Bual, Ass. Les Amis de Marcel Gili.

A Casa da Cultura tem orgulho de oferecer a seus assinantes e ao público em geral 3 e-Books de ensaios filosóficos sobre arte desse importante pensador: "Artes Plásticas Em Português", "Arte Contemporânea -- A Falência", e "Hiper-Realismo". [Para ir para a página de download dos e-Books, clique aqui]

Ainda no gênero ensaio, apresentamos também "A 'Nova Evidência' & Os Árbitros Conservadores da Elegância" que trata da filosofia da desordem mental. [Clique aqui para visitar a página de download dos e-Books]

Mas a surpresa fica por conta das poesias. O José-Luis poeta não é o José-Luis erudito, o José-Luis crítico, profissional, político. É o José-Luis "apenas" homem, que busca a ideal liberdade e leveza que esse "apenas" pode significar. Parece que suas concessões à vida prática, e suas conquistas profissionais ou intelectuais não lhe serviram nem de grilhões nem de couraça. Ele fala do amor com sublime simplicidade e romantismo em "A um Amor Desconhecido" (Vide abaixo alguns poemas extraídos do livro), fala da vida, da morte, da política, da natureza, de cidades, de ecologia, do cosmo, de ruínas em "Construção Civil", e na introdução de "Letra Morta", à qual dá o nome de "Pórtico", revela o segredo de sua alma viva de poeta, que atravessa ilesa esse mundo. (Vide trecho abaixo); nesse mesmo livro ele apresenta algumas de suas composições de estilo concretista. [Clique aqui para acessar os 3 e-Books de poesias].

Para encerrar a coleção editamos "Cruzamento na grande área", livro de Solilóquios, Monólogos e Diálogos, que aborda temas diversos, entre os quais a mudança dos valores culturais tradicionais portugueses, para uma cultura internacionalizada e consumista. [Clique aqui para acessar e-Books de José Luis Ferreira].

Muitas outras obras, dos mais diversos gêneros, todas gratuitas e sem propaganda de qualquer tipo, você encontra em nosso sítio WEB, não deixe de nos visitar. Agora temos um mural informativo das últimas novidades, atualizado diariamente: [Link para o mural de últimas novidades da Casa da Cultura]

Um abraço fraternal,
Casa da Cultura

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Obrigado.


Trecho extraído de "Pórtico"
(Introdução ao Livro "Letra Morta")

(...)

Considerei o processo tão lógico como vital à duplicidade da minha existência. Fiz um pacto comigo, perante o deus e o diabo (possessores da minha presumível consciência). Dissimulei o meu autismo serrano na esquizofrenia urbana. Com a mais atenta vigilância, iniciei duas vidas simultâneas, tão paralelas como virtualmente antagónicas:

-- uma, onde, sem actualizar o carácter, respondi quantum satis às mais sensatas exigências consuetudinárias de uma sociedade senil, hipócrita e complexada;

-- outra, em que, evadido de obrigações irracionais com os costumes implicados na sobrevivência ordinária, paguei o luxo de ser livre, rompi com o stablishment e inventei uma gaiola para sustento e consumo próprio deste vício de sonhar uma autonomia secreta, orgulhosa da clandestinidade tão humana quão humilde, de ser poeta.

(...)

 


Plágio de um poema apócrifo

(Poesia extraída do Livro "A um Amor Desconhecido")

Há um sonho de amor
em cada madrugada


Há uma madrugada
em cada sonho
de amor


Há sonho
          amor
e madrugada



À musa de um poeta morto

(Poesia extraída do Livro "A um Amor Desconhecido")

Vês            amor meu  além            é o céu

o meu amor não é de cá            é de lá

e o teu ?

 

Tu és a cidade            vês o luar da cidade

conheces o mar            vives em jardins

tu vês gente em toda a parte             

e só na solidão em que te escondes

idêntica              solitária

tens no horizonte   outras paisagens

conheces as serras            os campos cultivados

 

tu vês florestas e comboios e autocarros

conheces nomes doutros países da terra

tu vês artificialmente o  bem e o mal

conheces tudo aquilo que te ensinaram

tu vês os meus olhos e beijas a minha boca

conheces no peso incauto a vertigem

o sabor total espantado do meu corpo

 

e o meu amor ?            amor meu ?

não é de cá            é de lá

e o teu ?



Um medo obrigatório

(Poesia extraída do Livro "A um Amor Desconhecido")

Eu        desconhecido         amei-te nunca

eu         acidente      sou versos que os teus netos de algum dia

                              lerão por castigo sobre a tua morte

 

Em ti         encontrei-me só            no reflexo dos teus olhos

                        na ilusão dos teus lábios pintados

 

Arranco com os braços que me nasceram               um pecado mais

conceito prescindível               fé maligna               um medo obrigatório

 

O himalaia foi feito para sepultar uma mentira                

Amar-te sempre é um lapso

a lembrança o paradoxo absolutamente indiscutível

de estar vivo não é uma falência ética   é uma                autoconcessão

 

Todavia   este mesmo é um verso meramente introdutório

A um poema interminável    que nunca será escrito

 

Quando abri as portas cerradas da tua boca entre dentes

guardavas nela               antiquária                 a virgindade inerte

um conceito prescindível                 fé maligna     um medo obrigatório


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