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Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite)
Exposição
de fotografias: Maurilio Passari Ultramari nos leva
a um passeio pelas Serras Catarinenses, sua lente nos mostra
a famosa Serra do rio do Rastro, cânions e outras belas
paisagens dessa encantadora região de Santa Catarina.
[Clique aqui para acessar a exposição de fotografias
Encantos da Serra]
Crônica
- Livro de Bolso x Privacidade: Nessa divertida crônica,
Cissa de Oliveira relata uma situação que muitas
vezes passamos ao entrar em um ônibus, metrô ou
em outros lugares públicos, quando alguém começa
a falar sem parar, criando constrangimento geral.
[Clique
aqui para ler outras crônicas da autora]
Muitas
outras obras, dos mais diversos gêneros, todas
gratuitas e sem propaganda de qualquer tipo, você encontra
em nosso sítio
WEB, não deixe de nos visitar. Agora temos um mural
informativo das últimas novidades, atualizado semanalmente:
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para o mural de últimas novidades da Casa da Cultura]
Um
abraço fraternal,
Casa da Cultura
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Obrigado.
Livro de Bolso x Privacidade
Cissa de Oliveira
Privacidade é coisa sagrada e, dessa forma, lugares
públicos às vezes são impróprios
para os "discretos". Nestes locais, fica-se exposto
e sujeito a tudo: desde um simples panfleto no semáforo,
para entulhar o carro -- isso ou o calor da janela fechada,
se nesse carro, a exemplo do meu, não tiver ar-condicionado
-- até o maior de todos os inconvenientes: o de se
deparar com pessoas inconvenientes. Não sei se é
porque moro em São Paulo, mas aqui parece ter mais
lugares públicos do que no resto do mundo!!! Portanto,
já faz certo tempo, adotei um contra-ataque: ando sempre
com um livro de bolso, tenho coleções. Leio-os
por gostar e também para não ser incomodada,
seja nas filas, na praia ou simplesmente no metrô.
Ler no metrô: coisa que adoro. Principalmente nos
dias atuais, quando utilizar esse meio de transporte é
quase tão sufocante quanto pegar um ônibus em
horário de pico. O metrô é mais rápido,
além de ser possível fazer baldeações
entre as linhas. Mas sabe como é, a gente junta uma
coisa boa aqui, uma mais ou menos ali, faz um balanço
e, no final... bom o final é sempre o final. Final???
Sim, estação final da linha norte-sul do metrô.
Era lá onde me encontrava, quando na realidade já
deveria ter descido a algumas estações.
O livro de bolso bem que valia essa contrariedade, mas contrariedade
é sempre isso: contrariedade.
Como sempre, a porta nem ao menos se abre e o povo avança,
saindo em direção à plataforma já
lotada pelos que aguardam para a próxima viagem. Preciso
voltar e permaneço onde estou, em um dos bancos laterais,
o que me faz viajar de lado.
Senta-se no banco perpendicular ao meu uma antiga conhecida
de colégio; reconheço-a de pronto, no entanto
ela não parece ter me reconhecido. E olhe que naquele
tempo eu nem conhecia os tais livros de bolso. Fico na minha.
Ao meu lado, senta-se um homem, aparentando beirar aos quarenta,
assim como nós... quarenta. Já repararam como
certas coisas são apenas detalhes?
Detalhes à parte, repentinamente ele fala com um
jeito que de detalhe não tem nada, além de ser
mais do que arrastado:
-- Há quanto tempo!!!
Percebo que conversa com minha ex-colega. Ela o cumprimenta
de maneira polida, mas e ele... parecia um tanto aloprado,
com aquele jeito de falar, e pior: falava alto. Com certeza,
apenas sua primeira frase já fora suficiente para que
naquele vagão a maioria dos presentes o notassem.
-- Mas me conte o que tem feito Dulce! -- realmente, o nome
dela era Dulce... lembrei-me com exatidão. -- Fiquei
sabendo que está trabalhando com designers. -- ela
fez menção de responder, mas ele continuou:
-- Como vai a vida? Ainda mora perto da tia? -- e fez mais
duas ou três perguntas até que a "colega"
conseguiu encaixar-se em alguma brecha daquele monólogo
e responder:
-- Sim, continuo morando perto e agora trabalho com decoração
de interiores. Atualmente trabalho também com...
Ao que ele completou no mesmo tom de voz anterior:
-- O atelier? Lembro-me que gostava de pintura; eu mesmo
não tinha paciência quando você me abandonava
por causa disso -- e inesperadamente completou: -- Eu te amava
muito.
Aí está um homem que, ou é descomplicado
ou totalmente desorientado, pensei. A "colega" já
aparentava desconforto com aquela superexposição;
mexia no cabelo muito liso, como se fizesse cachinhos. Vai
ver ela queria mesmo era retorcer a garganta do fulano. Então,
ela perguntou:
-- Você continua visitando sua tia?
-- Deixei de ir lá faz tempo! Eu te amava muito,
minha mulher morria de ciúmes de você!
Deduzi que a "colega" deveria ser vizinha da tia
dele e a essa altura deveria estar contrariada, pois a grosseria
parecia gostar de morar ali naquele homem.
-- Mas éramos tão jovens... e solteiros --
pelo jeito a "colega" apressou-se logo em evitar
qualquer mal-entendido. -- É tudo passado, né?
-- ela completou.
Ele, totalmente sem cerimônias, respondeu:
-- É, mas mesmo depois de tanto tempo ela tinha ciúmes.
O povo ao redor já prestava atenção
no desenrolar da história quando a "colega"
conseguiu perguntar o que ele estava fazendo da vida:
-- Sou psiquiatra, tenho um consultório e faço
trabalho de acompanhamento de grupos de drogados.
Com muito custo segurei o riso enquanto pensava que ele
é quem parecia estar drogado! Então, foi nesse
momento que o homem liberou geral:
-- Mas você continua bonitona!!!! -- dizendo isso,
passou uma vista geral na "colega-vítima",
que mais parecia querer encolher-se, ali, no banco até
desaparecer de vez.
Na primeira estação, entraram mais pessoas
que, pela ausência de lugares disponíveis, distribuíram-se
bem à frente dos bancos. Mas isso não intimidou
o psiquiatra. Saquei meu livro de bolso, já certa de
que não conseguiria me concentrar; mas pelo menos me
libertaria um pouco da cena ao lado. Fingi-me distante, enquanto
ele continuou poluindo os ouvidos da "colega" e
de quem mais estava por perto, recordando-se "daquele
tempo". Próximo à estação
seguinte, onde eu desceria, a "colega" levanta-se
e diz que "é ali que ela desce". Imediatamente,
ele diz:
-- Eu também, vou fazer baldeação.
Desvencilhadas as pessoas pelo meio do vagão, logo
estou fora. Já na escada rolante percebo que estão
poucos degraus adiante... Ouço ainda quando ele diz
para ela:
-- Continua bonitona meeeeesmo! Peituda! Bunduda! -- Não
pude deixar de rir, mas isso não foi tudo. Parecendo
desconexo, ele ainda acrescentou: -- Sabe minha irmã,
a Sandra? Pois é, Dulce, ela continua bebendo!!!!
Taí... qualquer divã adoraria esse psiquiatra...
No topo da escada o louco de pedra despede-se da "colega"
com a maior naturalidade e parte em outra direção.
Imagino a "colega", sentindo-se livre e solta, enquanto
passo por ela.
É... Privacidade é mesmo coisa sagrada, baldeações
também; prosas para livros de bolso, idem.
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