Casa da Cultura    

Boletim Informativo Semanal

Ano II, número 33 - Quarta-feira, 20 de outubro de 2.004   

Casa da Cultura Literatura Trabalhos de A. C. Masini


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"Pró-Vida, Pró-Morte", artigo de André C. S. Masini: Não é apenas na política externa que o presidente estadunidense George Bush é uma calamidade. No cenário interno, além de aumentar dramaticamente o desemprego e danificar a estrutura de saúde e assistência social do Estado, ele instituiu normas (para atender ao interesse de grupos religiosos fundamentalistas) que impuseram barreiras intransponíveis aos avanços de certos ramos da ciência. No artigo de hoje (publicado originalmente dia 14, no Jornal O Paraná) o escritor André C S Masini fala do falecimento do ator Christopher Reeve, o Super-Homem, ocorrido no último dia 10, e de como esse corajoso ativista (bem como milhões de pessoas portadoras de deficiências e doenças dos mais variados tipos em todo o mundo) foi privado da esperança de cura pela arrogância e pelo autoritarismo de grupos religiosos fundamentalistas de pretensões teocráticas.
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Dia do Poeta? Tem muita gente por aí que diz que 20 de outubro é o dia do poeta. Outros tantos dizem que é dia 04. Nós, da Casa da Cultura, resolvemos celebrar a data seja ela qual for, pois quanto à exatidão da data estamos mergulhados em dúvidas. No ano passado fizemos um Boletim comemorativo na data de 20 de outubro, e recebemos todo o tipo de contestações (algumas indignadas). Nós até tentamos, mas não conseguimos encontrar nada de oficial ou definitivo. Talvez dia 04 seja o "Dia Internacional do Poeta" e dia 20 seja simplesmente "Dia do Poeta" (sem alusões a internacionalismo. (Qual autoridade brasileira, presente ou passada, teria o poder para definir a questão? A Câmara Federal ou Cruz e Souza?) Confessamos que não sabemos, mas VIVA O POETA, VIVA A POETISA, e VIVA A POESIA, dia 04, 20 e todos os dias. (Salvo melhor juízo de alguma autoridade superior):

  • Mas o que vou dizer da Poesia? O que vou dizer destas nuvens, deste céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia. Isso fica para os críticos e professores. Mas nem tu, nem eu, nem poeta algum sabemos o que é a poesia. (Garcia Lorca)
  • Ao contato do amor, todos se tornam poetas. (Platão)
  • Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas. (Maiakovski)
  • Não sou alegre nem sou triste: sou poeta (Cecília Meireles)
  • O que você acredita que é um artista? Um imbecil que só tem olhos se for pintor, ouvidos se for músico, ou uma lira em todos os andares do coração se for poeta? (Pablo Picasso)
  • É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser um homem (Charles Bukowski)
  • A bebida desperta o poeta que há em cada um de nós (Autoria Desconhecida)
  • Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. (Carlos Drummond)
  • Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às moda e compromissos.(Carlos Drummond)
  • "...meu progresso é lentíssimo, componho muito pouco, não me julgo substancialmente e permanentemente poeta."(Carlos Drummond)
  • Infelizmente, exige-se pouco de nosso poeta; menos do que se reclama ao pintor, ao músico, ao romancista...(Carlos Drummond)
  • Eu acredito que a poesia tenha sido uma vocação, embora não tenha sido uma vocação desenvolvida conscientemente ou intencionalmente. Minha motivação foi esta: tentar resolver, através de versos, problemas existenciais internos. São problemas de angústia, incompreensão e inadaptação ao mundo.(Carlos Drummond)
  • Não tenho a menor pretensão de ser eterno. Pelo contrário: tenho a impressão de que daqui a vinte anos eu já estarei no Cemitério de São João Baptista. Ninguém vai falar de mim, graças a Deus. O que eu quero é paz. (Carlos Drummond)
  • Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública. (Carlos Drummond)
  • Traduzir poemas é tarefa difícil, especialmente os meus. (Maiakovski)
  • Uma outra razão da dificuldade da tradução de meus versos vem de que introduzo nos versos a linguagem quotidiana, falada. Tais versos só são compreensíveis e só têm graça se se sente o sistema geral da língua, e são quase intraduzíveis, como jogos de palavras. (Maiakovski)
  • A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção. (Maiakovski)
  • Sem forma revolucionária não há arte revolucionária. (Maiakovski)

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Pró-Vida, Pró-Morte

André C S Masini

No último domingo faleceu o ator estadunidense Christopher Reeve (o Super-Homem), que vivia como tetraplégico desde 1995, quando sofreu um acidente eqüestre.

O falecimento teve um aspecto trágico. Após 9 anos de luta inglória -- nos quais Reeve enfrentou sua condição sem perder o ânimo e deu exemplo de coragem e esperança a milhões de pessoas -- o falecimento teve um aspecto trágico pelo fato de ter sido uma lei que roubou desse ser humano qualquer chance de ser curado pela ciência.

Em agosto de 2001 o presidente George Bush, em nome da religião, aboliu as pesquisas com células-tronco embrionárias (fez isso cortando os fundos federais para pesquisas com novas linhagens de células-tronco, limitando-os a cerca de 60 culturas já existentes). Bush e seus asseclas (em nome do que chamam de "cristianismo") dão a tal política o belo nome de "pró-vida" (pro-life). Slogan que soa bem, mas que na prática é algo calamitoso.

Células-tronco embrionárias são as células formadas logo após a união de um óvulo com um espermatozóide. São células indiferenciadas que ainda não geraram qualquer tecido, muito menos qualquer órgão, muito menos ainda qualquer traço de um ser humano. São células indiferenciadas que se fossem devidamente alojadas em um útero e se as condições fossem absolutamente propícias e tudo desse certo poderiam, talvez, um dia, virem a formar um ser humano. (Cada um dos espermatozóides que morrem aos milhões em cada gota de líquido fecundante masculino, também é uma célula que "poderia um dia vir a formar um ser humano"). As células-tronco embrionárias, enfim, são apenas células. E células que têm capacidade de curar ou abrandar um número incontável de doenças.

De forma abstrata, o slogan "pró-vida" parece algo muito bonito. Dá a idéia de que se está protegendo alguém ou algum "ser humano" frágil e indefeso. Mas na verdade "pró-vida" não defende nada de concreto ou palpável, defende apenas o preconceito, a intolerância e o fundamentalismo religioso de certos grupos que se dizem cristãos. O resultado prático de "pró-vida" é condenar à morte, ao sofrimento e à desesperança milhões de seres humanos reais, homens, mulheres, crianças, velhos que respiram neste mundo, e que a cada dia imaginam como seria bom poder andar de novo, poder parar de tremer, parar de fazer hemodiálise, enfim... ter saúde novamente. A todos que conviveram ou convivem com pessoas que padecem nessas situações, o termo "pró-vida" tem um gosto amargo de opressão, morte e hipocrisia. No mundo real, "pró-vida" traduz-se efetivamente em "pró-morte".

Não se trata de defender incondicionalmente a ciência. Muitas vezes, nesta mesma coluna, procurei mostrar o quanto a ciência é limitada tanto em escopo quanto em eficiência. Mostrei que a ciência é apenas uma de tantas formas parciais de se tentar compreender o Mundo; que ela está longe de ser inquestionável, infalível, ainda mais longe de ser absoluta; e que continua a precisar da filosofia para poder se situar no Universo.

Também não se trata de diminuir o valor do sentimento religioso, pelo qual sempre tive profundo respeito. Há pessoas que não aceitam a atitude de certos cristãos, que morrem por se recusarem a receber transfusões de sangue; eu sempre respeitei tal opção religiosa. Alguns cientificistas chegam a propor que o Estado deveria "ministrar à força" tais tratamentos; eu sempre repeli tal idéia, pois considero que as pessoas têm o direito às suas convicções religiosas, inclusive ao recusar tratamento preceituado pela ciência.

Porém se essas mesmas pessoas, com seus mesmos preceitos religiosos, tentassem impor suas "verdades" a todos, e tentassem criar leis para "proibir" e banir definitivamente a transfusão de sangue para todos, então, o que era uma convicção religiosa digna de respeito passaria a ser um fanatismo autoritário abominável.

Pois esse fanatismo abominável é o que existe hoje nos Estados Unidos, escondido sob o belo nome de "pró-vida". "Pró-vida" significa criar leis que impõe os preceitos (e preconceitos) religiosos de certos grupos a toda a sociedade. Preceitos que significam morte e sofrimento para muitas pessoas.

Imagino o que pensaria disso aquele sábio, que 2 mil anos atrás andou por este mundo, pregando tolerância, solidariedade e flexibilidade, e denunciando a hipocrisia. Obviamente não foi Dele que esse fundamentalismo fanático (autoproclamado cristão) do qual Bush faz parte tirou sua rigidez, arrogância e suas pretensões teocráticas. Christopher Reeve que o diga.

O autor é Escritor, Auditor Fiscal da Receita Federal
e Diretor Geral da Casa da Cultura


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