I
Diante
de mim se descortina o dia,
chegado no silêncio mais profundo.
Recordo, lá de baixo, os sons do mundo.
Absoluto contraste... Calmaria.
Tons
violáceos se mesclam - tão bonito -
à névoa branca etérea - inconstante.
À distância vislumbro em breve instante
um rio, que serpenteia ao infinito.
De
outros vulcões, os picos entre as nuvens.
Escarpas sóbrias, perfiladas linhas.
Beleza em que se mostra o próprio Deus.
Serenidade
e paz imperturbáveis.
De humanas emoções, somente as minhas.
De humanos sentimentos, só os meus.
II
No
breu da noite, avança a escalada,
à tênue luz, de pilhas - que se’esvai,
que ao lado mostra líquens - sempre iguais,
e ao longe, o negro, impenetrável nada.
Visões
do dia, que o cansaço traz:
- a lava: mar de rocha que soterra
a mata exuberante desta serra;
- a chuva; - a lama; - e escarpas abissais.
Porém,
cá em cima, a terra é uniforme.
Mundo de pedra e líquens, tão enorme...
que todo o mais que existe, eu quase esqueço.
A
névoa então se abre e me revela,
como um buraco em meio ao céu de estrelas,
o imenso vulto negro... Estremeço!
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